sexta-feira, 14 de maio de 2010

Preta.



" Mesmo com a cabeça no céu,
e com o corpo pessado,
meus sorisos largos vem para
dissimular qualquer desvario.

Uma mistura casual de Abapuru
á La Gioconda,
deitado eternamente em berços quentes
com a austeridade do solo,
sem contar o sol que abrasa
em minha pêle matutina."

Samara Egle
"Meu amor
O que você faria se só te restasse um dia?
Se o mundo fosse acabar
Me diz o que você faria

Ia manter sua agenda
De almoço, hora, apatia
Ou esperar os seus amigos
Na sua sala vazia"

Paulinho Moska

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Aos Ilustres


Aos meus queridos desejo sempre um bom dia
Aos que eu admiro um sabor diferente
Aos que amo um espaço justo no peito
Para os Amados ser querido é parte de toda admiração.

Que juntos sejamos límpidos
Que juntos tenhamos idéais
Que mesmo longe levemos o melhor um do outro.

Que as nossas preocupações sejam nossas
E que os que desejam acabar com nossa morada
seja desmotivado pelo amor!

De verdade...Amigos, vocês são as constelações da bandeira!
O que me chateia é que pouco vestimos!

quarta-feira, 12 de maio de 2010


Obra de Kandinsky

"A felicidade é um sentimento simples; você pode encontrá-la e deixá-la ir embora.
Por não perceber a sua simplicidade"

Mário Quintana

O Estrangeiro


Caetano Veloso

O pintor Paul Gauguin amou a luz na Baía de Guanabara
O compositor Cole Porter adorou as luzes na noite dela
A Baía de Guanabara
O antropólogo Claude Levy-strauss detestou a Baía de Guanabara:
Pareceu-lhe uma boca banguela.
E eu menos a conhecera mais a amara?
Sou cego de tanto vê-la, te tanto tê-la estrela
O que é uma coisa bela?

O amor é cego
Ray Charles é cego
Stevie Wonder é cego
E o albino Hermeto não enxerga mesmo muito bem

Uma baleia, uma telenovela, um alaúde, um trem?
Uma arara?
Mas era ao mesmo tempo bela e banguela a Guanabara
Em que se passara passa passará o raro pesadelo
Que aqui começo a construir sempre buscando o belo e o amaro
Eu não sonhei que a praia de Botafogo era uma esteira rolante deareia brancae de óleo diesel
Sob meus tênis
E o Pão de Açucar menos óbvio possível
À minha frente
Um Pão de Açucar com umas arestas insuspeitadas
À áspera luz laranja contra a quase não luz quase não púrpura
Do branco das areias e das espumas
Que era tudo quanto havia então de aurora

Estão às minhas costas um velho com cabelos nas narinas
E uma menina ainda adolescente e muito linda
Não olho pra trás mas sei de tudo
Cego às avessas, como nos sonhos, vejo o que desejo
Mas eu não desejo ver o terno negro do velho
Nem os dentes quase não púrpura da menina
(pense Seurat e pense impressionista
Essa coisa de luz nos brancos dentes e onda
Mas não pense surrealista que é outra onda)

E ouço as vozes
Os dois me dizem
Num duplo som
Como que sampleados num sinclavier:

"É chegada a hora da reeducação de alguém
Do Pai do Filho do espirito Santo amém
O certo é louco tomar eletrochoque
O certo é saber que o certo é certo
O macho adulto branco sempre no comando
E o resto ao resto, o sexo é o corte, o sexo
Reconhecer o valor necessário do ato hipócrita
Riscar os índios, nada esperar dos pretos"
E eu, menos estrangeiro no lugar que no momento
Sigo mais sozinho caminhando contra o vento
E entendo o centro do que estão dizendo
Aquele cara e aquela:

É um desmascaro
Singelo grito:
"O rei está nu"
Mas eu desperto porque tudo cala frente ao fato de que o rei é mais bonito nú

E eu vou e amo o azul, o púrpura e o amarelo
E entre o meu ir e o do sol, um aro, um elo.
("Some may like a soft brazilian singer
but i've given up all attempts at perfection").

terça-feira, 11 de maio de 2010

Pensando.

Dizem e são sábios!
Que o Universo todo faz parte da gente
e neste micro pedaço do macro,
avisto neste momento um universo fora de mim.

Digo, fazer parte.
Logo sou um universo dentro de um universo
tornando infinita a proporção.

Se todos somos um universo parte de outro
fatalmente o meu universo é meu,
este no qual adapto, assimilo e estruturo
da forma que eu exteriorizo o universo que
me rodeia.

O engraçado é que no final
ninguém sabe ao certo,
nem mesmo eu...

Como passamos a admirar um outro universo?
parte do universo que este tenha se inserido
Como do macro do nosso universo pode existir
o micro do sentido?


Por isso que o maior desafio seja
dividir visões, dividir sentimentos...
O sabor da mistura, da difusão dos instrumentos
na inclusão de novas idéias,na leveza da cruz...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Renascimento ( Rubens, O Rapto das filhas de Leucipo )



" Era O Rapto das Filhas de Leucipo pelos Dioscuros. Os Dioscuros, Castor e Pólux, os filhos do Cisne e de Leda, eram surpresos em plena acção. Castor, equestre e envergando uma armadura, já levantara do chão Hileira, a resplandecente, exuberantemente nua, em nu frontal. Mais um pouco e estaria ela ao colo dele, na garupa do cavalo castanho, que também de frente nos olha, com alguma mansidão e interiorizante certeza. Pólux está ainda no chão, de pé, nu da cintura para cima, e do chão levanta Febe, a luminosa, igualmente nua, mas virando-nos as costas com uma mão ainda pousada no pé de Pólux. Distam muito mais do outro cavalo, branco e feroz, que, com as patas dianteiras muito levantadas, domina o outro em altura e impera no quadro.
Muito mais tarde aprendi que as roubavam a outros gémeos, Linceu e Idas, filhos de Poseidon e que em sangue e violência acabaria esta história. Mas, em Rubens, e na verdejante paisagem da cena, não há sangue nem sequer há violência. As duas mulheres nuas estão mais desejosas do que atemorizadas, nas lácteas carnes, das mais lácteas do pintor delas, e em louríssimos cabelos. Os dois cavaleiros, muito mais encobertos do que as despidíssimas presas, são mais concentrados do que ferozes. O que possa haver de rapto e de turbilhão está nos dois cavalos, tão ou mais protagonistas da tela do que os dois gémeos e as duas mulheres.
Nessa altura, não sabia ainda que Castor e Pólux luzem nas noites estreladas, às vezes, como agora, em conjunção com Marte. Como o título do quadro só falava de Dioscuros e escuríssimos eram os corpos dos gémeos - escuridão acentuada pelo contraste com a brancura ofuscante das irmãs - como um dos cavalos é castanho e o outro branco, a sensação dominante é de luta entre o claro e o escuro, em que o claro perturbava muito mais do que o escuro. "
Excerto da crónica " A casa de Rubens (1), de João Bénard da Costa, publicado no P2 de 04/11/2007
Publicada por O natural de Barrô

" Quando Li adorei!"