segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Narciso e Narciso (Ferreira Gullar)
Se Narciso se encontra com Narciso
e um deles finge que ao outro admira
(para sentir-se admirado),
o outro pela mesma razão
finge também
e ambos acreditam na mentira.
Para Narciso o olhar do outro,
a voz do outro,
o corpo é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira.
E se o outro é
como ele outro Narciso,
é espelho contra espelho:
o olhar que mira reflete
o que o admira
num jogo multiplicado
em que a mentira
de Narciso a Narciso
inventa o paraíso.
E se amam mentindo
no fingimento que é necessidade
e assim mais verdadeiro que a verdade.
Mas exige, o amor fingido,
ser sincero o amor
que como ele é fingimento.
E fingem mais os dois
com o mesmo esmero
com mais e mais cuidado
- e a mentira se torna desespero.
Assim amam-se agorase odiando.
O espelho embaciado,
já Narciso em Narciso não se mira:
se torturam se ferem
não se largam que o inferno de Narciso
é ver que o admiravam de mentira.
Narciso e Narciso ( Samara Egle)
Olhe!
Veja o que te espera, veja com teus próprios...
Veja!
Vê mais não sente, toca mais não tem.
Que momento lhe prende?
Que já não os tem com sabedoria..
Quem é você?
Piada que ri...( ri que até chorei!).
Confesso que precisava!
No fundo o palhaço ama-se,
como se não precisasse de aplausos.
As gargalhadas fraquejam com sua ordem.
E isso os encoraja, tolos.!
Olhe!
Não deixe de enaltecer sua franca beleza,
de lubridia-la, de massagia-la
E quem sabe um dia se deitar
por horas com alguém, que lhe reflete.
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