quinta-feira, 6 de maio de 2010

Entalhando o pensamento...


Eu hoje tive um pesadelo
E levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo
E procurei no escuro
Alguém com o seu carinho
E lembrei de um tempo

Porque o passado me traz uma lembrança
De um tempo que eu era ainda criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço, um consolo

Hoje eu acordei com medo
Mas não chorei nem reclamei abrigo
Do escuro, eu via o infinito
Sem presente, passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim
E que não tem fim

De repente, a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio, mas também bonito porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu há minutos ou anos atrás.






Loris Marazzi – Teu cérebro é tua força – Escultura em madeira - século XX - Alemanha

Arvórescer


Esta troca genuína que entalha
Juntos, criatura e criador...
Viva como madeira
que acontece junto a sua Natureza.

Escupindo, escupindo...
Do côncavo ao convexo,
Da nascente da idéia,
das verdades inventadas, do conhecimento ativo
que se multiplica.

E da Madeira faço o mundo,
faço tudo, reconstruo...
Dos espaços entre o objeto e a singularidade
Encontro motivos para saber, mais.

Aprendendo junto.
Que tudo é novo e velho.
Mais os argumentos mudam de acordo com
que trazemos enquanto qualidade

Seja Angelim amargoso, Angelim pedra,
Cambará, Cedrinho, Cedroarana, Cumaru,
Garapeira, Ipê, Itaúba, Jequitibá,
Marupá, Pinus, Tatajuba, Tauari, Teca...

Seja qual for a nossa espécie,
somos todos Arvóre.


Samara Egle

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